segunda-feira, 29 de abril de 2013

Espelhos refletores

     Muitas culturas indígenas costumam costurar pequenos pedaços de espelhos ou vidro que brilham em suas roupas cerimoniais, ou, então, colam-nos nas máscaras para nos fazer lembrar de que somos espelhos uns dos outros. O tema do espelho, como metáfora do reflexo, é encontrado em todas as culturas. Para alguns povos indígenas, aqueles em quem nos espelhamos tornam-se nossos mestres, e demonstram-nos as formas pelas quais podemos atualizar nossa autenticidade, falando com a língua do Espírito.
Essas sociedades acreditam que cada pessoa pode ser um espelho claro, um espelho esfumaçado ou um espelho rachado. 
      Os espelhos claros são os indivíduos que idealizamos ou que acreditamos que não somos capazes de imitar. Os esfumaçados são aqueles com os quais sentimos dificuldades e com os quais esperamos não nos parecer de modo algum; e os espelhos rachados, são as pessoas que amamos e admiramos, embora sua presença nos cause medo e constrangimento. O termo psicológico para isso é projeção.
Sabemos que uma projeção está atuando quando uma carga energética se faz presente. As projeções são percepções não-atualizadas de nós mesmos. São partes de nosso eu que estão se evidenciando, embora ainda não tenhamos seu domínio. Achamos mais confortável ter esses aspectos fora de nós do que aceitá-los como partes de quem somos. 
      Quando manifestamos o arquétipo do visionário, colocamos em dia nossa autopercepção para que ela possa refletir com nitidez a pessoa na qual nos transformamos. Algumas culturas indígenas reconhecem que o caminho do Visionário é uma forma de manter a ligação com o eu autêntico e revelar aquelas partes de nossa natureza que ainda permanecem presas dos aspectos sombra desse arquétipo. O conceito "sombra", de fato, significa qualquer parte de nosso eu, positiva ou desafiadora, ainda não integrada ou aceita dentro de nossa natureza. Essa nossa parte sombra dominará ou persistirá até ser integrada.



Quando seguimos o caminho do Visionário somos capazes de tornar a verdade visível. Entre as sociedades indígenas os visionários podem ser xamãs ou artesãos; mas, o que é mais importante, esses grupos sociais encorajam todos os membros a dizer e expressar a verdade, sem acusar nem julgar.
O Caminho Quadruplo - Angeles Arrien

Xamã do Asfalto

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